#32 - Resenha: Matéria Escura, Blake Crouch

Primeira leitura: junho de 2017

Segunda leitura: 12/12/19 a 24/12/19

Esse livro está na lista das minhas histórias preferidas. É um livro "para todos aqueles que já se perguntaram como teria sido sua vida se tivessem pegado a outra estrada."

Jason é professor na Universidade Lakemont College, é casado com Daniela e juntos tem um filho adolescente chamado Charlie. Os dois tem uma vida boa juntos, mas constantemente se perguntam como teria sido a vida se tivessem tomado um caminho diferente. Jason tinha uma carreira promissora pela frente, quem sabe até um Nobel e Daniela era uma artista incrível que se viu grávida no meio da trajetória. Eles decidiram ter o bebê, mas Charlie nasceu com alguns problemas de saúde que mereceram atenção total, por isso a pesquisa de Jason ficou de lado, os financiamentos foram diminuindo até se esgotarem e ele passou a lecionar para poder sustentar a família. 

Apesar de não ser realizado profissionalmente, Jason sabia que era feliz com sua família.

Numa noite de quinta-feira, na noite da família, Daniela convence Jason a passar no bar para ver seu antigo amigo de faculdade Ryan que está comemorando por ter ganhado o prêmio Nobel. É nessa noite que tudo muda. Quando está voltando para casa, Jason é sequestrado. O homem sabe tudo sobre sua vida, suas senhas, nomes de seus amigos, seu endereço. Ele injeta uma droga no braço de Jason e o coloca dentro de uma caixa.

"Não há avisos quando tudo está prestes a mudar, a ser tomado de você. Nenhum alerta de proximidade, nenhuma placa indicando a beira do precipício. E talvez seja isso o que torna a tragédia tão trágica. Não é apenas o que acontece, mas como acontece: um soco que vem do nada, quando você menos espera. Não dá tempo de se esquivar ou se proteger." pg 9

Jason acorda num lugar completamente esquisito, com pessoas que o tratam como se estivessem esperando por sua volta, felizes, querendo saber como foi dentro da caixa. Ele não reconhece nenhuma delas e, com o passar do tempo, começa a questionar sua própria sanidade. Quando ele consegue fugir daquelas pessoas e ir para casa, percebe que a casa não é a mesma que ele mora com sua família; é o mesmo número, mesmo endereço, mas o interior é frio, sem Daniela, sem Charlie.

Jason é perseguido, ele procura por Daniela. Naquele mundo novo, ela é uma artista de sucesso, ex-namorada dele, namorada atual de Ryan e Charlie não existe. Ele fica confuso e conta tudo o que aconteceu para essa versão de Daniela, mas depois de dois dias juntos, um homem invade o apartamento dela, onde eles estão e a matam.

Jason é capturado. Amanda, uma psicologa do local onde ele está preso, se identifica como uma antiga amiga que ele sequer se lembra. Quando ela percebe que os outros cientistas o estão maltratando e matando as pessoas por uma resposta de Jason, o ajuda a fugir dali pela mesma caixa que Jason surgiu. Jason descobre, enfim, que aquela caixa foi construída por uma outra versão dele no multiverso, uma teoria que afirma que cada decisão que você toma abre uma fenda no multiverso com uma versão diferente de você. As fendas são infinitas. Essa versão dele é um Jason que terminou com Daniela quando ela descobriu a gravidez, seguiu com sua carreira, ganhou o prêmio Nobel e construiu uma caixa que interliga os multiversos para conseguir recuperar a vida que deveria ter vivido, ao lado de Daniela.

Amanda e Jason passam por diversos multiversos: um futurístico, um congelado, outro em que Daniela está morrendo, mas ele não desiste. Depois de algumas tentativas falhas, eles percebem que são o controle da porta, seu estado de espírito determina o que a porta mostrará. Jason quer a todo custo voltar para a vida que Jason2 roubou. Amanda não aguenta essa busca e se separa dele.

Quando ele finalmente consegue encontrar o caminho de volta para sua versão de Chicago, percebe que há dezenas de versões dele mesmo lá, com alguns detalhes diferentes da caminhada, todos eles buscando o mesmo que ele: sua vida de volta.

Essas versões estão dispostas a matar para conseguir sua vida de volta. Eles conseguem armas, facas, matam uns aos outros, tudo para conseguir voltar à normalidade.

No final, Jason, Daniela e Charlie entram na caixa deixando todas as outras versões de Jason para trás. 

Charlie escolhe qual porta abrir para começarem uma nova vida.

"Não posso deixar de pensar que somos mais do que a soma total de nossas escolhas e que todos os caminhos que poderíamos ter trilhado influem de algum modo na matemática da nossa identidade. Mas nenhum dos outros Jasons importa. Não quero a vida deles. Quero a minha. Porque, por pior que sejam as coisas, não há nenhum outro lugar no mundo onde eu preferiria estar senão com esta Daniela e com este Charlie. Se um único pequeno detalhe fosse diferente, eles não seriam as pessoas que eu amo." pg 337